sexta-feira, 13 de maio de 2011

Bullying

Certo dia, Fia estava voltando do trabalho quando recebeu uma ligação da escola de seu filho, Ado, de 11 anos. Havia acontecido um incidente e era necessário ela comparecer urgente à diretoria. Ao chegar, encontrou seu filho, a diretora da escola e um outro garoto com o rosto todo arrebendado e o nariz quebrado.
"Eita! O que foi que aconteceu??!" - Pensou ela.
Resumindo: Neste dia, após o recreio, Ado estava retornando tranquilamente para a sala de aula, quando o tal garoto resolve colocar o pé no meio da passagem! Ado cai de cara no chão e toda a turma começa a rir dele. Ado, num ato impulsivo e de legítima defesa à favor de sua moral levanta subitamente e dá um soco no tal garoto. O tal cai no chão e Ado parte pra cima dele!
"Quem é o 'bracinho quebrado' agora? Quem é o neguim? Quem é o Zé ruela? Hã???"
Cada pergunta era um novo soco...
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Esse caso bem parece com o do garotinho Casey Haynes, do YouTube, que se tornou um herói mundial.
Ado também é um herói, apenas ficou no anonimato!

Hoje em dia está na moda a palavra "bullying".
Segundo a famosa Wikipédia: "Bullying é um termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (do inglês bully, "tiranete" ou "valentão") ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender. Também existem as vítimas/agressoras, ou autores/alvos, que em determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas de assédio escolar pela turma."

No meu tempo de escola esse tipo de prática era simplesmente chamado de "insultar", "arengar", "coisas de criança"

A história narrada à cima (verídica), aconteceu terça-feira, e Ado não é o agressor, mas sim, a vítima! Desde o início do ano o tal garoto humilhava Ado. Jogava bolinha de papel nele, dava peteleco em sua orelha, 'pedala-robinho', chamava-o de 'braço quebrado', 'neguinho', Zé Ruela... (afff... zé ruela! é o novo!!!).

Muitas crianças de hoje são filhos de pais separados e muitas vezes, além do pai ausente a mãe tb é, pois precisa trabalhar fora para completar a renda familiar. Muitas também vêem os pais se agredindo com palavras e atos, bebedices, são espancadas, abusadas, violentadas. Crianças assim crescem nervosas, intolerantes, agressivas... já outras, com síndrome de inferioridade, inseguras, tímidas, complexadas...
Em casa não há uma estrutura familiar para gerar crianças e futuros adultos equilibrados. Os pais culpam as escolas por não educarem seus alunos e a escola culpa os pais de não acompanharem seus filhos.
Não adianta procurar culpados, já que o sistema anda complexo demais! 
Gostaria de focar na escola hj (embora EU tenha certeza de a culpa do "bullying" não seja dela).
O Estado tem sido omisso com a educação brasileira (isso não é nenhuma novidade). A não contratação de profissionais também é uma das causas desse caos. 
Quantos profissionais se formam a cada ano?
Quantas crianças nascem à cada ano?
Quantas novas escolas são abertas a cada ano?
Quantos antigos profissionais são aposentados a cada ano?
Quantos concursos são abertos a cada ano?
Quantos concurseiros aprovados são nomeados e empossados a cada ano?
Quantas escolas de 3 turnos existem?
Quantos psicólogos tem em cada escola?
Quantos psico-pedagogos?
Quantos coordenadores?
Quantos inspetores?
Quantos porteiros?

Eu não tenho nenhuma dessas respostas para lhe dar. Sempre estudei em escola particular, onde tive todos os profissionais citados à cima para atender as suas crianças. Lembro-me quando a psicóloga se reuniu com meu pai, quando eu era uma novata, e relatou que minha adaptação estava ocorrendo bem e pacífica. Eu jamais imaginei que estava sendo observada!
Quem está observando as crianças da escola pública? Só ouvimos falar de professores estressados e aulas de má qualidade! Claro! Sem material de apoio, sem boa remuneração e atrazados (salário miséria, na verdade!), carga horária excessiva, sem capacitação, salas de aula super lotadas, diferentes faixas etárias em uma mesma turma... É de fazer qualquer um pirar!

Eu não quis comentar na época, mas o caso da Escola de Realengo me deixou em estado de choque!
A história do Ado? 
Que "bullying" que nada! Isso é pouca vergonha dos sangue-sugas políticos que elegemos!

Até quando, Brasil?

"Não te deixes vencer do mal, 
mas vence o mal com o bem."


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